Educação Financeira e Previdenciária

Um momento de reflexão e aprendizado para você, que é participante do plano de benefícios e busca sua longevidade sustentável financeiramente.

Sonhe sim, mas tenha um plano

Sonhos são indispensáveis para a vida. Mas você precisa de planejamento para realizá-los

O mundo parece cada vez mais imprevisível. Neste início de 2022, quando os piores momentos da insólita pandemia mal tinham passado… o exército russo invade a Ucrânia. O mundo civilizado sofre com o choque que abala seus princípios e suas economias. A incerteza atinge o Brasil e prejudica ainda mais os cidadãos que perderam renda nos últimos anos. Milhões de famílias se endividaram e tiveram planos destruídos. Como é possível falar em sonhos num cenário de pesadelo?

“É comum encontrar pessoas que desistiram de sonhar porque estão financeiramente desequilibradas”, afirma o educador financeiro Reinaldo Domingos, criador da Metodologia Dsop (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar). Trata-se de um grande equívoco, segundo ele. Sempre é hora de renovar seus sonhos, por pior que esteja sua situação. “Os sonhos são o combustível para você avançar na caminhada, a motivação para superar os obstáculos.”

Para mudar a situação, Domingos propõe um exercício que dá destaque aos sonhos. Ele pede que cada pessoa reserve um tempo para observar seu interior e refletir sobre o que deseja a si e sua família. “Para que viemos a este mundo? Sonhos expressam propósitos de vida, necessidades, desejos, são agentes que promovem a vontade de seguir em frente.”

ESCREVA OS SONHOS – Só que os sonhos devem levar à ação para realizá-los – principalmente os do tipo material, aqueles que o dinheiro pode comprar. Para tanto, você precisa aprofundar a reflexão. Primeiro escreva os sonhos, pois o ato da escrita favorece seu comprometimento com eles, segundo os estudiosos de psicologia econômica. “O sonho não está atrelado somente com dinheiro, mas com compromisso para o futuro”, diz Domingos. Essa fase é uma das mais importantes e difíceis, pois envolve escolhas conscientes.

Em seguida, classifique os sonhos por prazo de realização: curto, médio ou longo prazo. Para ser mais efetivo, faça esse levantamento com sua família, incluindo as crianças. Mas atenção para não chamar ninguém para cortar gastos, mas sim para conversar sobre os sonhos individuais e coletivos (veja a “Tabela dos Sonhos”). Funciona, pode crer, as pessoas são responsivas aos estímulos certos. Mas esse passo exigirá de você a imersão total em sua realidade pessoal e familiar – mesmo porque a próxima etapa será conferir quanto custam os sonhos.

DO SONHO AO PLANO – Ao chegar ao levantamento dos preços, você entra no caminho da transformação dos sonhos em realidade, que inclui fazer um diagnóstico realista de suas finanças, elaborar um orçamento que inclua os sonhos, poupar e investir.

Você deve partir do sonho para chegar à ideia, e partir da ideia para chegar ao plano, segundo o educador financeiro Gustavo Cerbasi, criador do curso Inteligência Financeira. “A construção de um bom plano é transformar o sonho em um projeto viável, mensurável e alcançável”, diz. Funciona assim:

• Quando o sonho se transforma em uma lista de ações, temos uma ideia.

• Quando a ideia se traduz em prazos, valores e atitudes concretas, ela se torna um plano.

Todos sabem que a vida é cheia de surpresas, o futuro é incerto e as mudanças ocorrem cada vez mais rápido. Mas justamente esses são motivos para planejar com mais cuidado ainda, aponta Cerbasi. “Parece paradoxal. Eu recomendo que façam planos, mas digo que eles foram feitos para não serem cumpridos”, diz Cerbasi. Como assim? Sem dúvida, o plano dá um foco para você saber aonde quer chegar.

Mas considere o seguinte: em termos de longo prazo, você tem certo conhecimento no momento de fazer planos. Sabe que terá de contornar obstáculos para chegar ao objetivo. Só que você recebe novas informações, vai aprendendo enquanto realiza o próprio plano. Com um plano, toda informação nova serve para comparar com o que você tem. Daí você decide se vai agregar, tomar um bom atalho, ou vai descartar. “Sem um plano, a informação nova pode se perder, sem gerar ação”, diz Cerbasi.

FOCO PARA MELHORAR – “O plano me dá foco e me permite absorver toda informação nova para melhorar. Ganho a tendência para chegar melhor ou mais rápido a meu objetivo. Com um plano construído, tenho algo a ser transformado”, afirma Cerbasi. Assim, adquirir conhecimento é parte essencial do plano realizado numa realidade em mudança. “Quanto mais conhecimento temos, melhor lidamos com situações de risco. Conhecimento é o que nos permite ousar mais, porque temos maior capacidade de lidar com o risco.”

Um ponto de atenção de quem planeja, para Cerbasi, é a realização de sonhos de curto prazo. Eles sempre devem ser celebrados como uma recompensa. “Sem recompensa não tem motivação, sem motivação não tem disciplina, sem disciplina não tem realização do plano.” Mesmo quando são necessários sacrifícios para sair de uma situação de desequilíbrio, eles devem ser feitos com prazo certo e celebração no final.

A lição que fica é encarar o planejamento o quanto antes. Por exemplo, você pode constituir suas reservas na MSD Prev com o objetivo de parar de trabalhar aos 60 anos. Mas pode ao mesmo tempo preparar uma segunda carreira – e é possível iniciá-la antes mesmo da idade planejada, dependendo das circunstâncias. Segundo Cerbasi, o maior segredo é definir o foco do que se quer, mas manter o radar ligado para novas oportunidades. “Rupturas na vida sempre vão ocorrer, mas a pessoa que planeja vai acomodá-las melhor”, diz.